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Existem limitações para deficientes?

Existem limitações para deficientes?

No meio organizacional, a busca por novos talentos virou uma prerrogativa para assegurar a sobrevivência diante de tanta competitividade, afinal cada vez mais as informações são disseminadas numa velocidade impressionante. Diante dessa realidade, as organizações deparam-se com um desafio: estimular a diversidade. Para isso, é preciso elaborar estratégias que sejam bem-sucedidas e dentre essas está a contratação de pessoas portadoras de necessidades especiais.

Uma organização que se destaca no mercado por assegurar espaço para a empregabilidade para profissionais com deficiência é a Serasa – que desde agosto de 2001 deu início ao “Programa Serasa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência”. Essa experiência tem inspirado outras organizações a valorizarem o talento desses trabalhadores que muitas vezes não têm a chance de mostrarem suas competências para o mercado.

Criada em 1968, a Serasa é a maior empresa do Brasil em pesquisas, informações e análises econômico-financeiras para apoiar decisões de crédito e negócios e referência mundial no segmento. Participa ativamente no respaldo às decisões de crédito e de negócios tomadas em todo o Brasil, facilitando aproximadamente quatro milhões de negócios por dia, para mais de 400 mil clientes diretos ou indiretos. É uma empresa do grupo Experian, líder mundial no fornecimento de serviços de informações, análises de crédito e marketing a organizações e consumidores, com o objetivo de auxiliá-los a gerenciar riscos e benefícios de decisões comerciais e financeiras.

Segundo João Ribas, coordenador do programa, a Serasa é uma organização que age de acordo com os princípios de Cidadania Empresarial – sendo inclusive reconhecida por essa atuação. Diante do fato de que as pessoas com deficiência encontram mais dificuldade de conseguir uma colocação no mercado de trabalho, sobretudo porque muitas não estão aptas profissionalmente, a empresa resolveu criar um programa específico para qualificar essas pessoas.

Por meio do programa, a empresa recruta e treina pessoas com deficiência que tenham potencial para desenvolver tarefas profissionais segundo suas aptidões e talentos pessoais. A base da iniciativa é o desenvolvimento da competência profissional e procura atingir dois objetivos principais: buscar empregabilidade e oferecer crescimento profissional, ou seja, efetivar as pessoas com deficiência assim que estejam profissionalmente qualificadas ou provê-las de maior competitividade no mercado de trabalho. Norteada por esses objetivos, a companhia não adota qualquer forma de assistencialismo, benemerência ou paternalismo.

“A Serasa é uma empresa cidadã e tem a vocação de atuar para que as injustiças sociais diminuam e a qualidade de vida da população aumente. Por essa razão, teve menos dificuldade do que outras empresas para incluir profissionalmente nos seus quadros as pessoas com deficiência. Todavia, uma dificuldade real é encontrar pessoas com potencial para ser profissionalmente desenvolvido. Não queremos pessoas qualificadas ou com experiência anterior de trabalho. Mas queremos pessoas que reúnam condições necessárias como facilidade de aprendizagem, autonomia, independência e auto-estima elevada. Nem sempre conseguimos essas pessoas”, afirma João Ribas.

Para que um programa como esse dê certo, é preciso saber trabalhar em rede. No que tange ao processo de recrutamento e seleção de pessoas com deficiência a Serasa estabeleceu parceria com diversas organizações. Para recomendação de pessoas com deficiência visual, foi firmada uma parceria com a Laramara – Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual. Para indicações de pessoas com deficiência auditiva, a companhia conta com a Divisão de Distúrbios da Comunicação da PUC/SP – DERDIC.

Já para profissionais com deficiência física, a companhia mantém contato com a AACD – Associação de Assistência à Criança Deficiente. Para pessoas com Síndrome de Down, existe uma parceira com a ADID - Associação Para o desenvolvimento Integral do Down”. O CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) possui o Programa Pessoas com Deficiência, que conta com um banco de currículos de universitários que têm deficiência. “Além de todas estas indicações, a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida realiza um trabalho de indicação de currículos de pessoas com Deficiência para as empresas. Estas pessoas fazem um cadastro pelo site da Secretaria e as empresas solicitam os currículos por telefone”, complementa João Ribas.

Um detalhe importante é que para trabalhar na Serasa, o portador de deficiência deve atender a alguns requisitos. Dentre esses, estão: ter mais de 16 anos e, de preferência estar estudando ou ter concluído o ensino médio ou universitário. É importante ter interesse, responsabilidade, facilidade de relacionamento interpessoal, adaptabilidade, auto-estima e possuir independência e autonomia pessoal. Experiência profissional anterior não é pré-requisito para a admissão no programa. Vale destacar que qualquer pessoa com deficiência pode cadastrar o seu currículo no site da organização - www.serasa.com.br - ou enviá-lo para o e-mail programaempregabilidade@serasa.com.br.

A seleção – Uma equipe formada pela Coordenação do Programa de Empregabilidade e pela Área de Planejamento de Pessoas faz uma entrevista profunda e detalhada com cada candidato. Nesse momento, é importante saber conduzir uma entrevista para uma pessoa com deficiência física, auditiva, visual ou intelectual. É fundamental não ter constrangimento de fazer qualquer pergunta. Se um candidato usa cadeira de rodas, é preciso saber se ele tem independência e autonomia para ir sozinho ao toalete. Isso, na concepção da organização, não significa invadir a privacidade do candidato, mas que a resposta ajudará saber quais recursos devem ser oferecidos para aquela pessoa dentro da empresa. Quando é necessário entrevistar candidatos com deficiência auditiva, a Serasa recorre a uma intérprete da Língua Brasileira de Sinais – Libras, que auxiliar na a comunicação com o entrevistado. Caso sejam aplicados testes de redação para os cegos, a organização disponibiliza computadores com o software Virtual Vision, que ficam à disposição desses profissionais.

Uma vez selecionadas, as pessoas com deficiência passam por um treinamento de dois meses em sala de aula, onde são realizados vários cursos nos quais são lapidas as identidades profissionais. Após esse período, os profissionais vão para qualificação nas áreas de trabalho onde permanecem por mais quatro meses. Em cada área é escolhida uma pessoa que fica responsável por treinar e que será o mentor. Ao longo desse período, as pessoas com deficiência recebem bolsa-auxílio, assistência médica, odontológica, vale-refeição, vale transporte e seguro de vida em grupo. Após essa qualificação profissional, de seis meses e tendo passado por duas avaliações, são efetivadas na própria Serasa ou em empresas que estejam contratando portadores de deficiência.

Na Serasa, as pessoas com necessidades especiais trabalham em todas as diretorias e superintendências tanto no Estado de São Paulo, como também nas demais agências localizadas pelo Brasil. Não há áreas preferenciais e nem restritivas. “Analisamos caso a caso com a finalidade de procurar adaptar o posto de trabalho e as tarefas exigidas para as necessidades da pessoa com deficiência. E só aconselhamos a mudança para outro posto quando, após tentarmos à exaustão, constatamos que ali não é possível. Mesmo que numa área de trabalho não seja possível colocar um cego ou um surdo, certamente haverá lugar para uma pessoa com deficiência física”, explica o coordenador do programa.

Atualmente, a organização conta com 110 pessoas com deficiência trabalhando na sede, localizada em São Paulo, nas agências e escritórios em todo o Brasil e nos locais de Atendimento ao Cidadão: Poupatempo (São Paulo), Rio Simples (Rio de Janeiro) e Casa do Cidadão (Fortaleza). “A Serasa assume o desafio de ter nos seus quadros pessoas com deficiências mais severas. Temos paraplégicos, pessoas com amputações, com distrofia muscular, cegos e surdos. Contamos também com duas pessoas com deficiência mental, intelectual, ou seja, com Síndrome de Down”, afirma João Ribas, ao acrescentar que não existem critérios específicos para avaliação do desempenho das pessoas com deficiência. Todos os que trabalham na organização são avaliados pelos mesmos critérios, independente de terem ou não uma deficiência.

Adaptações à realidade – Para possibilitar que os profissionais portadores de deficiência exerçam suas atividades, a empresa investiu nas estruturas físicas. A Sede, em São Paulo, por exemplo, foi projetada e construída com: rampas, portas e passagens adequadas para cadeirantes; corrimãos; catracas especiais para usuários de cadeira de rodas; piso tátil com texturas e relevos diferenciados para pessoas com deficiência visual; banheiros masculinos e femininos adaptados em todos os andares; sintetizador de voz nos elevadores - que informa o andar em que se está e se vai subir ou descer - para as pessoas com deficiência visual; indicadores em braille nas botoeiras dos elevadores e portas de todas as salas e banheiros; portas automáticas para facilitar tráfego de pessoas com deficiência visual - dotadas de sensores - abrem-se mediante aproximação; guias rebaixadas e sinalizadores de solo no entorno do prédio; vagas demarcadas na garagem para motoristas que tenham deficiência física e que tenham carros adaptados; interruptores de luz, relógios de ponto, alarmes ao alcance de usuários de cadeira de rodas e pessoas com nanismo; e mesas com tampos reguláveis, bem como mobiliário ergonômico para todos os profissionais.

Além de toda essa acessibilidade, a sede Serasa conta com um telefone TDD – Telecomunication Device for the Deaf (sigla em inglês equivalente a aparelho de telecomunicação para surdos), que consiste em um teclado e um pequeno monitor de cristal líquido, acoplado a um telefone público comum, onde mensagens podem ser digitadas e lidas. A companhia adquiriu recentemente, o software TSPC – Telefone Para Surdos Via Computador, que possibilita às pessoas surdas se comunicarem através do telefone. Com a mediação de um operador da companhia de telefonia local, elas conseguem se comunicar pelo computador com pessoas que possuem telefones comuns. A empresa conta ainda com dois scooters – triciclo especial motorizado para pessoas com deficiência física, dificuldade de locomoção ou idosos que visitem a empresa.

A empresa oferece ainda o software leitor de tela Virtual Vision e impressoras que imprimem braille e alto relevo com texturas diferenciadas, possibilitando aos cegos o reconhecimento de gráficos e imagens pelo tato, além de lupas eletrônicas e software ampliador da tela do computador, possibilitando facilidade de leitura para pessoas com baixa visão. Dispõe ainda de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais – Libras, para facilitar a comunicação com os surdos em reuniões e treinamentos.

Visão consciente – Para João Ribas, não faz sentido contratar pessoas com deficiência apenas porque a Legislação Brasileira obriga e a fiscalização pune as organizações que não a cumprem. “Só faz sentido contratar pessoas com deficiência quando se parte do reconhecimento da possibilidade que essas pessoas possam ter para se desenvolver para o trabalho — e não da aceitação inquestionável do limite ou da deficiência”, defende.

Segundo o coordenador do “Programa Serasa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência”, ao longo de muitas décadas o reconhecimento do valor desses profissionais não existiu. Até hoje é muito mais fácil para uma pessoa que se acidentou e se tornou paraplégica aposentar-se por invalidez do que se reabilitar para a mesma ou outra função. Por outro lado, quando se pensa em desenvolvimento real para o trabalho, qualquer forma de assistencialismo, benemerência ou paternalismo perde sentido. Empresas não são organizações filantrópicas, mas sim organizações nas quais se produz e se comercializa bens ou serviços, se geram empregos e têm a finalidade de impulsionar o mercado e provocar a circulação e o consumo da riqueza.

A empregabilidade, para as empresas, não deve ser compreendida tão-somente como oferecer emprego para as pessoas com deficiência porque a legislação obriga, mas precisa, sobretudo, abranger ações de inclusão e permanência mais efetiva desses profissionais no mundo do trabalho, com perspectivas de desenvolvimento e ascensão profissional.

“Para isso é preciso conhecer os métodos necessários para qualificá-las, saber fazer a gestão das suas potencialidades e integrá-las nas equipes certas para que elas possam se desenvolver. Por sua vez, as pessoas com deficiência devem demonstrar seu potencial, buscar o próprio crescimento e desenvolvimento profissional e apresentar independência e autonomia. Devem, enfim, estar preparadas para alcançar metas e chegar aos resultados esperados pelas empresas que as contratam. Caso não alcancem as metas e os resultados, as pessoas com deficiência poderão ser desligadas a qualquer momento e como qualquer outra”, conclui.

 

Fonte: https://www.rh.com.br/Portal/Responsabilidade_Social/Materia/5013/existem-limitacoes-para-deficientes.html